AINDA CUSTA CARO!

Falar de música nos leva a pensar em diversos fatores: estudo, tempo, disciplina, visão, crítica, treino, teoria e conseqüentemente DINHEIRO.
Vivemos atualmente o maior aquecimento no mercado fonográfico em todos os aspectos, principalmente quando se fala na diversidade de equipamentos para estúdio e seus custos. O Leque é vasto, marcas, modelos, funções, recursos, enfim, para todos os gostos e bolsos.
As cabeças pensantes estão por todos os cantos pilotando seus home-studios, em casas, quartos adaptados, porões, edículas e, é claro, viva a capacidade de sobrevivência do ser humano!!! Mas as facilidades trazem consigo um engano: a própria sensação de que tudo passa a ser fácil pois afinal de contas, é barato.
Li um título um tanto sugestivo esses dias em um blog que chamava as gravações amadoras, tanto musicais quanto visuais de VERGONHA ALHEIA RECORDS. Sabe aquela música mal cantada, com letra sem coerência, com vozes desafinadas e ainda assim fazendo sucesso na internet? Pois é, elas surgem diretamente de tais "estúdios" que tratam tudo como fácil e barato. Assustadoramente esses artistas caem no gosto do povo e me pergunto... porquê?
Os sintomas são claro e tudo indica que uma desvalorização tem afetado boa parte dos consumidores que, aliás, já não simplesmente consomem, mas também fazem “música”, com o direito que é de todos e deve mesmo ser desfrutado por todos, pois quem não sonha em fazer sucesso artisticamente? Mas infelizmente o problema tem se dado pela falta de entendimento sobre o que é arte, sobre o espírito que dá vida de fato a um trabalho artístico, em outras palavras, muitas vezes temos 'mecanizado' ou 'automatizado' nossos sonhos com tal engano.
Como Rap também é música, obviamente tornam-se válidos os mesmos princípios, os mesmos que muitos distorceram dizendo que o Rap tem algo a mais que qualquer outro estilo musical o que com certeza musicalmente falando é uma mentira, apesar que CULTURAMENTE falando concordo com a existência de algumas diferenças sim.
Pensando dessa forma foi que, como produtor, percebo que atualmente vivemos materialmente uma vantagem como músicos: o baixo custo dos equipamentos. Mas não poderia deixar de lembrar aos leitores que o mais precioso recurso do ser humano ainda custa caro... a criatividade.

Marcelo Guerche (DJ Morgado)